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Arquitetos: Pitagoras Group
- Área: 11400 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:José Campos, João Rey, Manuel Roque
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Fabricantes: OTIIMA
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Teatro Jordão - assim é conhecido o edifício que albergou ao longo da sua vida também o "Restaurante Jordão" no piso inferior -, foi construído nos anos 30 e corresponde em termos programáticos ao programa típico dos Cine-teatros, variados e em grande número em todo o país, possibilitando a realização de peças teatrais para as companhias itinerantes que existiam à época, fornecendo sobretudo o espaço para o Cinema, introduzindo um dos itens da "modernidade" em contextos urbanos muito incipientes.
Associa-se assim neste edifício, à sua função explícita um outro conteúdo, de carácter simbólico que adquiriu e manteve primordial importância. É nesta dicotomia, entre a funcionalidade do edifício e os valores a ele associados, que se materializa a memória do edifício. Se a sua função se perdeu com o tempo - a sala de cinema foi desactivada e o restaurante fechado - e a construção se degradou, a volumetria e uma imagem de modernidade traduzida nas fachadas viradas à Avenida D. Afonso Henriques constituem, hoje, a única memória obiectiva de todo o conjunto edificado. Essa memória, uma construção granítica e opaca, deverá permanecer como terceiro referencial do projecto, autonomizando formal e volumetricamente todos os elementos que constituam intervenção nova. Assim deve permanecer essa memória física e real entendida como património a preservar. A preservação do património está, portanto, ligada a um critério de utilidade entendida aqui no seu sentido mais lato, aceitando que a reconversão funcional do edifício supõe a sua transformação.
Adicionalmente o programa comporta também a reabilitação do edifício da "Auto Garagem Avenida", edifício da mesma época, e que se traduz na sua fachada principal, num dos melhores exemplos de uma estética Art Deco construídos em Guimarães.
O novo programa proposto, Escola de Artes Performativas, Escola de Artes Visuais, Escola de Música e Espaço de Auditório resultante da reconversão da sala do Teatro Jordão, dividido por várias entidades autónomas, com atividades similares mas independentes, foi condicionante decisiva para o novo desenho do edifício. O Auditório autónomo e independente, complementa funcionalmente as valências maiores, escola de música, a escola de artes performativas e a escola de artes visuais, garantindo o funcionamento independente que pode acolher actividades exteriores e diversificadas. O auditório (destinado a dança, música e congressos, etc) foi desenhado como sala multifuncional, permitindo a sua reconfiguração e adaptação aos vários eventos propostos.
Qualquer entendimento do património destes edifícios, deste sítio e desta cidade comporta uma carga interpretativa, pessoal e subjetiva. Assim também uma política de recuperação e salvaguardado património, mesmo validada por uma prática consistente e continuada, significa uma opção que permanentemente deve ser cotejada pelo contexto de cada intervenção.
O projecto tem como fim último a preservação de um património, e pretende colocá-lo no âmbito da reabilitação e da reconversão, não com uma lógica de preservação integral da realidade física e arquitectónica do edifício do Teatro Jordão e da Auto Garagem Avenida, mas antes considera como inevitável a sua transformação, alocando ao edifício um programa inequivocamente ligado conceitualmente aquele que foi adotado para a Zona de Couros. E quando falamos de reabilitação e reconversão, falamos de reparar e renovar no primeiro caso e de transformar no segundo.